terça-feira, 29 de junho de 2010

Para um amigo


E agora, José?
Ficou importante
É poema, não é?
Ficou impotente
Imponente o José.

Perdeu o emprego
Conhece as marés
é forte
bateu
bebeu
morreu
Virou poema, José.

Está bêbado, José
Conhece Cristo,
Platao, Cecília e Russo
Puro delírio...
lúcido.

Não tem amigos
Tem galera
Na maioria das vezes (que lugar comum!)
Está sozinho
Faz piada com sua dor
fingidor.

Cita São Lucas na mesa do bar
Cansado, cambaleia
Não cai
Jamais.
Fala de Morrison, Dylan e Cássia
Para aquela turma do botequim
que não quer saber de política
Apenas sorri com o mundo azul marinho

E você é profeta, parodia
É louco, anuncia
É José e não disfarça
E agora?

Você cheira a whisky e está no poema
Não trabalha e está no poema
Tem insônias, fobias, ataques, delírios
e está no poema
E agora?

E agora, José?
Meu tempo acabou
Já vi seu riso e por trás, a dor
Seu amor
Por Hendrix, Lennon, Simon
Pagodinho
Outro José

Não completou escolaridade
Mas entende tudo de alma humana
É bêbado
José
Sem graduação, nem disciplina

Mas...
Há um brilho que me atrai por trás de seus olhos vermelhos
Talvez porque me façam viajar
as suas fantasias
E você entra no poema, José
Porque é grande
sua fé.
@Ana Ribeiro

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